Cuidados a ter numa análise de conteúdo

analise-de-conteudo-dados qualitativos

Na análise de conteúdo sugerimos alguns cuidados para assegurar o rigor e a relevância científica de uma pesquisa:

  • Trabalhar com amostras reunidas de forma sistemática;
  • Questionar a validade dos procedimentos de recolha dos dados;
  • Trabalhar com codificadores e categorias que permitam a verificação da fidelidade dos resultados;
  • Conjugar a análise interpretativa com a análise de frequências;
  • Medir a produtividade da análise.

A fidelidade do instrumento depende do processo de codificação, isto é, do codificador e do instrumento de codificação que ele dispõe.

A fidelidade do codificador permite que o mesmo codificador, aplicado em momentos diferentes ao mesmo texto, produz os mesmos resultados nos dois momentos. A fidelidade das categorias de análise assegura que as unidades de análise reúnam consenso e entendimento entre diferentes investigadores/ leitores. Trata-se aqui de evitar a ambiguidade das categorias de análise de forma a poderem ser classificadas e compreendidas, sem dificuldade ou dúvidas.

A validade da análise  é definida como a adequação entre os objetivos e as etapas de análise definidas. Na definição das etapas de aplicação do instrumento de investigação deve ser considerada: a representatividade da amostra, a escolha das categorias de análise, das unidades de registo e dos índices de quantificação.

O conceito de validade além da sua dimensão metodológica, é um conceito que deriva dos objetivos definidos para a investigação. Por isso são apontadas quatro tipos de  validade:

  • A validade do conteúdo
  • A validade preditiva
  • A validade comparativa
  • A validade comparativa
  • A validade interpretativa

Para ilustrar e compreender melhor a distinção entre os quatro tipos de validade, consideramos uma investigação sobre a vivência do alcoólico, analisada com base num conjunto de rácios sintáticos que permitem identificar diferentes fases na vivência do alcoólico.

Exemplo de um Caso de Estudo sobre a Vivência do Alcoólico

Os rácios sintáticos foram construídos com base na seleção frequencial de palavras (verbos, adjetivos, nomes, etc).

  • Se quisermos medir o vocabulário dos alcoólicos estaríamos interessados na validade do conteúdo.
  • Se quisermos predizer a duração da desintoxicação seríamos remetidos para a validade preditiva.
  • Para comparar o vocabulário dos alcoólicos e o dos não alcoólicos, teríamos de ponderar a validade comparativa.
  • Se o objetivo fosse fazer inferências  sobre as capacidades mnemónicas dos alcoólicos, estaríamos perante um caso de validade interpretativa.

Portanto, a validade é uma noção metodológica que advém dos objetivos da investigação.

Em síntese, a análise de conteúdo é uma técnica de investigação que permite a descrição sistemática, objectiva e quantitativa do conteúdo das comunicações. Pode ser aplicada a variados campos, como a imprensa, discursos políticos, diários, estudos bíblicos, respostas a perguntas abertas, etc.

A análise de conteúdo implica a existência de objectivos formulados com base num quadro referencial teórico que fundamenta e orienta a definição de categorias de análise, de unidades de análise e a constituição do corpus que vai ser objecto de aplicação desta técnica.

Três Fases da análise de conteúdo

analise de conteudo Nvivo

Sugerem-se três etapas para aplicar a análise de conteúdo:

  1. Pré-análise
  2. Exploração do material
  3. Tratamento dos resultados

A análise de conteúdo pode ser aplicada a diferentes fontes de informação, incluindo textos (notícias, entrevistas e testemunhos), imagens e vídeos.

1. Pré análise

Na pré-análise é feita a seleção do corpus, ao mesmo tempo que se procuram definir um programa de análise flexível, embora já com alguma precisão. É definida a estrutura de codificação, embora ainda não na sua versão final.

2. Exploração do material

Na fase de exploração do material  são definidas as categorias de análise, as operações de codificação, decomposição e enumeração do corpus.

3. Tratamento dos dados

Depois de feita a categorização, podemos agora fazer a contagem e a análise/ interpretação das unidades de conteúdo que compõe cada uma das categorias. O tratamento dos dados pode por isso ser feita através de técnicas de análise qualitativas e quantitativas. Em termos qualitativos pode é criada uma estrutura de leitura e de interpretação dos dados. Em termos quantitativos, podemos recorrer a operações estatísticas simples (percentagens) ou mais complexas (análise fatorial) para estabelecer quadros de resultados, diagramas, figuras e modelos que sistematizam e põem em relevo as conclusões da análise.

analise de conteudo Nvivo

Objetivos da análise de conteúdo

A análise de conteúdo tem como objetivo encontrar ligações entre categorias e conceitos que permitam construir pressupostos teóricos suficientemente válidos para fazer generalizações. Para isso recomenda-se alguns “pressupostos” metodológicos, tais como: um corpus consistente e representativo; uma categorização sistemática de todo o conteúdo com relevância para o estudo (questão tratada); e a triangulação dos resultados combinando as técnicas de análise qualitativas com os procedimentos quantitativos.

Saiba quais as técnicas de recolha de dados qualitativos mais utilizadas!

A investigação qualitativa não incide sobre um universo tão vasto como na abordagem quantitativa, mas pretende obter o máximo de informação subjetiva (valores, crenças, testemunhos, opiniões, expetativas, etc.) sobre um processo, ou facto social, de forma a permitir uma visão e um conhecimento do mundo específicos.

6 Técnicas para a Análise de Conteúdo

analise-de-conteudo-dados qualitativos

Existem Seis Técnicas de Análise de Conteúdo possíveis de aplicar em estudos de diferentes áreas (sociologia, psicologia, educação, recursos humanos, jornalismo, publicidade, etc.).

As seis técnicas de análise de conteúdo distinguem-se com base nos elementos do discurso, a sua forma ou as relações entre estes elementos. São elas:

  • Análise de categorias
  • Análise de avaliação
  • Análise da expressão
  • Análise da enunciação
  • Análise proposional do discurso
  • Análise estrutural ou análise das relações

Análise de categorias

É mais antiga e a mais corrente. Consiste fazer um levantamento das categorias mais frequentes, agrupando certas caraterísticas em categorias significativas. Este tipo de análise baseia-se na hipótese de que uma caraterística é tanto mais frequentemente citada, quanto mais importante é para o locutor. Neste caso, o procedimento utilizado é sobretudo quantitativo.

Análise estrutural ou análise das relações

Integram a denominada análise semiótica do discurso, enquanto o estudo dos signos. Integrada na análise estrutural, temos a análise semiótica dos signos que permite a análise de documentos com o propósito de identificar o significado profundo dos fenómenos estudados.

Análise semiótica

Estuda o processo de construção de significados para saber como os signos são desenhados para exercerem o efeito sobre os destinatários da mensagem. Outras abordagens qualitativas são inductive analysis, a grounded theory, a análise normativa e a análise de conteúdo etnográfica (uma abordagem de documentos que enfatiza o papel do investigador na construção do significado).

Análise estrutural

Tem como objetivo revelar os princípios que organizam os elementos do discurso, independentemente do próprio conteúdo destes elementos. Assim, o fim último deste tipo de análise consiste em descobrir uma ordem oculta sobre o funcionamento do discurso e elaborar um modelo operatório abstrato para estruturar o discurso e torná-lo inteligível.

Análise de conteúdo

É uma técnica de investigação que permite a descrição sistemática, objectiva e quantitativa do conteúdo das comunicações. Pode ser aplicada a variados campos, como a imprensa, discursos políticos, diários, estudos bíblicos, respostas a perguntas abertas, etc.

Para saber mais sobre esta técnica pode ler a nossa página sobre o tema: Aqui.